‘Não me vejo mais como designer [de games]’, afirma Miyamoto

Shigeru Miyamoto, provavelmente o mais celebrado designer de games do mundo, acabou de fazer 71 anos, no último dia 16 de novembro desse ano, e parece estar refletindo sobre sua vida profissional e o futuro.

Estudante de design industrial na Kanazawa College of Art na década de 1970, o profissional não se viu no mesmo caminho de seus parceiros de curso, que seguiam para a indústria de bens de consumo.

“Muitos dos meus colegas estavam indo para as fábricas de automóveis ou de eletrônicos”, explicou, “mas eu queria fazer algo estranho, algo interessante, e foi assim que descobri a Nintendo”, afirmou, esclarecendo que tinha a intenção de desenhar mangás como forma de ganhar a vida.

“Um ano depois de eu entrar [na Nintendo], Space Invaders transformou-se em um grande sucesso. Eu passei muito tempo nos fliperamas quando era estudante, jogando, e por isso me interessei muito por eles”, rememorou.

“Depois de dois ou três anos, tive uma chance. Consegui criar Donkey Kong e então o design de jogos se tornou meu verdadeiro trabalho”, declarou ao repórter Keza MacDonald, do jornal britânico The Guardian.

Nos últimos 10 anos, Miyamoto tem estado mais envolvido em projetos da Nintendo fora do campo dos games, idealizando parques temáticos como o Super Nintendo World da Universal Studios e o sucesso cinematográfico Super Mario Bros., filme da Illumination, que conquistou o público em 2023.

“[Hoje em dia já] não me considero um designer de jogos”, comentou. “Meu objetivo é encontrar oportunidades únicas para a Nintendo. A forma como as coisas funcionam aqui é que, mais do que ter um plano e segui-lo, nos deparamos com certas coisas e, a partir daí, tentamos encontrar o nosso novo caminho”, definiu.

“Os filmes, os parques de diversões, estou animado para ver que tipo de coisas orgânicas resultam disso… Ainda sou muito novo na indústria [do cinema] e ainda estou aprendendo, mas estou tentando ler muito de roteiros hoje em dia e aprendendo como eles são desenvolvidos, para ver como podemos criar filmes exclusivos da Nintendo”.

Perguntado sobre que tipo de ideias merecem sua atenção, Miyamoto esclarece: “Coisas que nem sequer são pensadas por outras pessoas, que ninguém mais está buscando. Ideias novas”, diz ele, de pronto.

“Mais do que me aposentar, estou pensando no dia em que eu acabar tombando”, brincou, rindo, quando o assunto era a sua possível aposentadoria. “Hoje em dia você tem que pensar nas coisas em um período de cinco anos, então eu penso em para quem posso passar as coisas, caso algo me aconteça”, ponderou, precavido.

“Estou muito grato por haver tanta energia em torno das coisas em que trabalhei. São coisas que já foram espalhadas pelo mundo… foram cultivadas por outros, outras pessoas as criaram, ajudaram-nas a crescer, então, nesse sentido, não sinto mais muita propriedade sobre elas”, confidenciou o designer.

Fonte: The Guardian

Imagem: Irwin Wong/The Guardian